A Polícia Federal desencadeou neste sábado (18) uma operação em três
Estados para desarticular uma quadrilha que fraudou a Caixa Econômica
Federal em mais de R$ 70 milhões no fim do ano passado.
De acordo com a PF, o banco disse que se trata da maior fraude já sofrida em toda sua história.
A fraude, segundo a PF, consistiu na abertura de uma conta corrente na
agência da Caixa em Tocantinópolis (TO), em nome de uma pessoa fictícia,
para receber um prêmio falso da Mega-Sena no valor de R$ 73 milhões. A
conta foi aberta no dia 5 de dezembro, segundo o delegado da PF Omar
Afonso de Ganter Pelow. O dinheiro foi transferido em seguida para
diversas outras contas.
O agente da PF Jorge Apolônio Martins disse que esta foi a quarta vez
que o golpe foi aplicado no Brasil. Em geral, o gerente da Caixa é
cooptado pela quadrilha e confirma o recebimento do prêmio, transferindo
o valor para uma conta dos fraudadores.
O gerente-geral da agência de Tocantinópolis é suspeito de envolvimento no crime e está preso desde o dia 22 de dezembro.
Foram expedidos cinco mandados de prisão preventiva, dez mandados de
busca e apreensão e um mandado de condução coercitiva (quando o suspeito
é obrigado a depor na delegacia) nos Estados de Goiás, Maranhão e São
Paulo.
Entre os investigados que tiveram a prisão preventiva decretada está um
suplente de deputado federal do PMDB do Maranhão. O nome dele não foi
revelado pela polícia, mas a Folha apurou que se trata de Ernesto Vieira Carvalho Neto (PMDB-MA).
Carvalho Neto adquiriu um avião de pequeno porte há menos de um mês, e a
PF suspeita que a compra tenha sido feita com dinheiro da fraude.
Neste sábado, a reportagem não conseguiu contato com a Câmara dos Deputados nem com a assessoria do suplente.
Os investigados pela operação devem responder pelos crimes de peculato
(desvio de dinheiro público por funcionário do Estado), receptação
majorada (de bem público), formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.
As penas podem chegar a 29 anos de reclusão.
A Caixa já bloqueou as contas e recuperou cerca de 70% do dinheiro desviado.
A quadrilha está espalhada pelo Brasil, o que dificulta a investigação,
informou a PF, que batizou a operação de Éskhara, nome que vem do grego e
significa "escara", uma ferida que nunca se cura.
Policiais federais do Tocantins, Goiás, Maranhão e São Paulo
participaram da operação; ao todo, há mais de 65 agentes envolvidos.
A Caixa afirmou, em nota, que acionou a polícia assim que a fraude foi
percebida e se disse à disposição da PF para colaborar com a
investigação.
Fonte Folha SP
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