No programa Altas Horas, da TV Globo, na madrugada de
domingo, 19, perguntaram a um dos convidados da noite, o padre Fábio de
Melo, qual era a opinião dele sobre o chamado casamento gay. Em sua
resposta, o sacerdote, que também é artista, escritor e professor
universitário, com pós-graduação na área de educação, fez uma clara
distinção entre religião e direitos civis. Indiretamente, defendeu o
estado laico.
O padre, de 42 anos, campeão em vendas
de CDs, DVDs e livros de inspiração religiosa, disse o seguinte: “A
gente precisa dividir bem a questão. Uma é a questão religiosa, o
posicionamento das religiões, que têm todo o direito de não aceitar, de
não ser a favor. É um direito de cada religião. Se você faz parte
daquela religião, daquela instituição, você vai submeter-se à regra. Só
que há também a questão cível, que não podemos interferir, que não é
religiosa, que é o direito de duas pessoas reconhecerem uma sociedade
que existe entre elas.”
Concluiu dizendo que outros líderes
religiosos deveriam fazer a distinção: “Acredito que o esclarecimento
que precisamos ter, como líderes religiosos, é justamente a distinção.
Se você quiser, pode chamar isso de casamento ou não, mas (se trata)
de uma união que esteja civilmente amparada, para que as pessoas possam
garantir direitos que não são religiosos. São duas coisas diferentes.” (A declaração pode ser ouvida no site da TV Globo.)
O tema deve voltar a ganhar destaque nos debates da campanha
eleitoral deste ano. Nem sempre os candidatos são favoráveis à distinção
feita pelo padre artista.
Foi o caso da a ex-senadora Marina
Silva, na campanha presidencial de 2010, quando concorria pelo PV.
Evangélica, a fundadora da Rede Sustentabilidade, hoje cotada para ser
vice do governador Eduardo Campos na chapa do PSB, fez declarações nas quais confundia a questão religiosa com a civil.
Mais recentemente, Marina passou a defender de maneira clara o
direito civil dos gays – o que lhe valeu, é claro, críticas de alguns
líderes religiosos que não aceitam a distinção. Ao tratar do assunto, em entrevista ao Programa Roda Viva,
da TV Cultura, a ex-ministra destacou que se opõe, no entanto, ao uso
da expressão casamento, por remeter ao sacramento religioso.
Voltando a Fábio de Melo, ele apareceu no mesmo domingo, 19, no programa De Frente com Gabi, na Rede SBT. Disse à apresentadora Marília Gabriela que a fé das pessoas não deve idiotizá-las: “Não sou adepto de uma fé que ‘idiotiza’. Sou adepto de uma fé que faz pensar: ‘quem somos nós?’”
Fonte: Estadão
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